O BOM PASTOR

Dois textos bíblicos nos apresentam o mesmo personagem – o Bom Pastor – sob dois pontos de vista.

        No Salmo 23, encontramos a ovelha, no caso Davi, falando do Bom Pastor, que é Deus. É uma declaração de fé e de confiança total, pois sendo o Senhor o nosso Pastor, nada pode nos faltar. Ele supre todas as nossas necessidades e carências. Guarda a nossa alma do laço do passarinheiro, dando-nos proteção total. Confiados nele, não pode haver em nós qualquer resquício de medo, mesmo que estejamos atravessando o vale da sombra da morte.

        Em João 10, o próprio Jesus se apresenta como o Bom Pastor. Aquele que dá a vida por suas ovelhas. Ele as ama. Vive em função delas e para elas.

        Deus é demais!

        Ele, com todo o amor, carinho e zelo que dedica a cada um de nós, tem a ousadia de confiar o pastoreio do Seu rebanho a pessoas como nós. Poderia enviar anjos diretamente do céu para que o fizesse. Porém, Ele quer o homem engajado na Sua obra.

Tanto que, em Jr 3.15, lemos a Sua bela promessa: “E vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência. ” Repete esta promessa em Jr 23.4.

        Sim, meus irmãos, Deus chama, condiciona e vocaciona homens para este ministério específico.

Assim como Deus usou Moisés e Arão para guiar o Seu povo, o Seu rebanho, tirando-o da terra da escravidão para a terra prometida (Sl 77.20), Ele capacita homens para apascentar o Seu rebanho, tirando-o da escravidão do pecado, para conduzi-lo à Jerusalém Celestial.

Por tudo isso, nós, como ovelhas, precisamos ter em mente que os nossos pastores são:

        Primeiramente, homens. Portanto sujeitos a limitações. Não são super-homens. Precisamos entender que, da mesma forma que nós, eles também têm seus problemas e dificuldades. Precisamos ter cuidado com as nossas exigências ou críticas.

        Precisamos, também, ter o cuidado de não irmos ao outro extremo: colocá-los num pedestal, como se fossem deuses. Esta situação, Pedro viveu na casa de Cornélio. Ele, prontamente, corrigiu (At 10.25-26). Não se deixou tomar pela vaidade de ser endeusado. Corrigiu a ignorância de Cornélio.

        Em segundo lugar – Devemos olhar para o nosso pastor como um homem que tem família – esposa e filhos. Portanto, precisa cuidar dela, ter um tempo para ela. Às vezes, como ovelhas, queremos um pastor presente 24 horas por dia, sem levarmos em conta as suas necessidades e responsabilidades como chefe de família. Cuidar da sua própria família é um dos requisitos dados por Paulo a Timóteo: “o bispo governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito”. Em seguida vem a justificativa paulina: “pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus? ” (1Tm 3.2-5)

E, por último – Como homem, o pastor precisa de descanso, de lazer, de se vestir, de comer, de abrigo e de tudo o mais que nós, também, precisamos. Cabe-nos, como ovelhas, contribuir para o seu bem-estar, dando-lhe, inclusive, as condições materiais necessárias. Jesus, ao enviar os doze apóstolos (Lc 9.3-5), disse-lhes eles seriam sustentados por aqueles que os abrigassem. Da mesma forma, o sustento pastoral e missionário é responsabilidade da igreja, de cada um de nós.

        No próximo domingo estaremos dando mais um passo rumo à sucessão pastoral. Tenhamos tudo isto em mente, para que a nossa decisão seja aquela que está no cerne da vontade de Deus.

Dc. Delane Souza