A HORA MAIS ESCURA

“Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas” (Gn 1.3,4).

Intuitivamente, o ser humano gosta de luz – afinal, a luz é boa! Com ela podemos nos orientar no trânsito, podemos identificar pedaços de cebola caprichosamente escondidos no arroz e podemos ver os rostos das pessoas que amamos.

A luz traz aos nossos olhos informações sobre o que existe ao nosso redor. Assim, quando somos parcial ou totalmente privados da luz, nos sentimos perdidos, no escuro. A escuridão pode ser compreendida como a ausência de luz. Com a escuridão, perdemos os benefícios da luz.

No transcorrer das horas ao longo de um dia, nós experimentamos variações de luz e sombra, com diversas situações de penumbra (que é a transição entre uma e outra). Penso que algo semelhante também ocorre em nossa vida espiritual.

Jesus nos salvou para que nossa luz resplandeça diante dos homens (Mt 5.16). E a Palavra de Deus nos adverte que a nossa luta é contra os “príncipes das trevas deste século” (Ef. 6.12). Nas batalhas espirituais, o inimigo tenta de todas as formas lançar sombras – “escurecer” – a nossa luz. E ao longo das inúmeras batalhas que travamos, podem surgir situações de penumbra que nos levam às horas mais escuras, os momentos em que sentimos com mais intensidade o peso da luta.

Para José, a hora mais escura talvez tenha sido o momento em que foi esquecido na prisão. Davi talvez chamasse sua hora mais escura de vale da sombra da morte. Elias possivelmente enfrentou sua hora mais escura deprimido numa caverna. A hora mais escura da humanidade foi relatada nos Evangelhos, por ocasião da morte de Cristo na cruz do Calvário, quando houve trevas sobre toda a terra.

Mas sabemos que José saiu da prisão para se tornar o segundo homem mais poderoso da nação mais poderosa de sua época. Davi não sentia medo algum porque sabia que Deus estava com ele. Elias foi tratado e fortalecido pelo Senhor para continuar o Seu trabalho. E Cristo ressuscitou dos mortos, está vivo à destra de Deus e é o meu e o seu Salvador.

O historiador americano Charles A. Beard disse certa vez que “a hora mais escura da noite é justamente aquela que nos permite ver melhor as estrelas”. Parafraseando o autor, podemos dizer que é na hora mais escura das nossas batalhas que podemos ver claramente como Deus se importa – e luta – conosco!

Assim, quando estivermos enfrentando a nossa hora mais escura, devemos louvar a Deus como Davi: “Porque tu, Senhor, és a minha candeia; e o Senhor alumiará as minhas trevas” (2Sm 22.29). E assim como Isaías, saber que “quando você andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor e firme-se sobre o seu Deus” (Is 50.10).

Dc. Josias Rodrigues de Aguiar